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A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL: EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL: EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A Associação Brasileira de Psicopedagogia
Excertos Boletim ABPp Ano 6 n. 13, junho/1987 (p. 19-22)
Por Beatriz Lima Scoz / Mônica Hoehne Mendes

A Associação de Psicopedagogos de São Paulo surge em 1980, a partir dos questionamentos a respeito do perfil profissional do psicopedagogo e da necessidade de definição de suas funções que começam a aparecer nas primeiras turmas de alunas do Instituto Sedes Sapientiae.

Nesse momento os professores do curso incentivam as alunas a criar uma Associação como meio de canalizar as inquietações que começavam a aparecer. Para tal finalidade, os espaços do Instituto Sedes Sapientae são oferecidos sem qualquer interferência na autonomia do grupo de alunas.

Numa primeira fase as iniciadoras da Associação sob coordenação de Leda Maria Codeço Barone sentem a necessidade de trocar com seus pares as técnicas de trabalho e algumas vivências que vinham realizando. Para isso realizaram várias reuniões incluindo posteriormente a participação de todos os associados. A preocupação com a prática psicopedagógica aparece constantemente.

A partir dessas reuniões surgem propostas para realização das primeiras atividades promovidas pela Associação, cuja preocupação central era de instrumentalizar o profissional para seu trabalho. Nesse sentido são promovidos cursos e ciclos de palestras que abordam questões acerca do tema.

Numa segunda etapa, emerge com muita força no grupo da Associação de Psicopedagogos a importância da interdisciplinaridade para realização do trabalho psicopedagógico. Por essas razões profissionais de várias áreas de atuação são convidados a participar dos eventos promovidos pela Associação, abordando temas inerentes aos fenômenos psicopedagógicos envolvidos na aprendizagem.

Num terceiro momento através de contatos realizados com grupos de profissionais do Rio de Janeiro destacando-se as Professoras Maria Lúcia Lemme Weiss, Maria Aparecida Mamede Neves e Maria Luiza Teixeira, complementados com a vinda do Professor Jorge Visca da Argentina, aparece no grupo de São Paulo, uma visão de Psicopedagogia mais voltada para a pesquisa a partir das causas e dos sintomas.

No período em que se seguiu através de cursos e contatos frequentes com a Professora Ana Maria Rodrigues Muniz, psicopedagoga, professora da Universidad El Salvador de Buenos Aires, começa a surgir uma visão mais dinâmica de Psicopedagogia. A partir daí cresce o interesse por parte da Associação por ampliar contatos e aprofundar algumas teorias que atendessem as necessidades de um trabalho psicopedagógico cada vez mais consistente.

Fica assim patente a importância de realizar um Encontro de maiores proporções que possibilitasse envolvimento mais abrangente de profissionais brasileiros e estrangeiros. Para realização desse evento, no ano de 1984, foram convidados todos os Estados do Brasil, por intermédio de suas Universidades para apresentarem trabalhos que vinham realizando. Onze estados responderam ao convite. Houve também a participação de alguns profissionais da América Latina (Chile, Uruguai, Argentina). Na síntese lida ao final do I Encontro aparecem as preocupações com a interdisciplinaridade e com a importância de aspecto social inserido na prática psicopedagógica esta enfaticamente registrada.

Os cursos e atividades que se seguiram dão continuidade à moção surgida durante o Encontro. Outro marco importante da Associação foi a criação de um periódico com publicações cunho científico referentes à trabalhos e pesquisas no que diz respeito aos problemas de aprendizagem.

Tais publicações se iniciaram em 1982 traduzindo os anseios e preocupações que acompanharam as diferentes fases vividas pela Associação. Esse trabalho que continua até os dias atuais, atinge uma penetração cada vez mais crescente no âmbito educacional o que comprova a sua seriedade e a intenção e democratização do acesso ao conhecimento.

Em 1986, realiza-se o II Encontro de Psicopedagogos que atinge maiores proporções, aumenta o número de participantes passando de 500 para 700 e também a oferta das atividades.

Uma grande preocupação com a Psicopedagogia institucional iniciada no I Encontro aparece com maior ênfase nesse momento. Outro aspecto que se apresentou no I Encontro e se concretizou no II Encontro é o da delimitação do papel profissional, começa a ficar claro que o espaço de trabalho do psicopedagogo pode ser ocupado por profissionais advindos de diferentes áreas de atuação, desde que se fundamente numa prática eminentemente psicopedagógica.

É importante acrescentar o interesse que se reafirma no II Encontro por grupos de psicopedagogos de outros Estados não só em aprofundar a sua formação sem depender apenas dos Encontros realizados em São Paulo a cada 2 anos como também em divulgar em seus Estados de origem a sua área de atuação. Em vista disso surge como fato mais importante do II Encontro a transformação da Associação de Psicopedagogos de São Paulo, em Associação Brasileira de Psicopedagogia com a proposta da criação e capítulos em outros Estados do Brasil.

Como se pode notar a Associação Brasileira de Psicopedagogia vem cumprindo um importante papel ao longo desses anos abrindo espaços para que a troca de experiências de trabalho entre profissionais pertencentes a várias áreas de atuação possibilite um enriquecimento da prática psicopedagógica.

Através da abertura de espaços de participações para educadores que atuam em vários níveis houve democratização da oferta de subsídios para aqueles profissionais que trabalham nas escolas, fundamentalmente nas escolas públicas.

A Associação cumpre uma tarefa de relevante importância na democratização de informações através de artigos publicados em seus periódicos.

A importância da criação de capítulos da Associação Brasileira de Psicopedagogia tem um peso muito grande nesse momento, a exemplo do Rio Grande do Sul que fundou seu capítulo em 1986 e do Rio de Janeiro que inicia seu capítulo a partir deste Seminário.

Percebemos que várias tendências de atuação no campo da Psicopedagogia vem se evidenciando. As experiências surgidas nos vários grupos geram uma reflexão sobre a identidade do modelo de atuação psicopedagógica além da união de esforços que se dá com liberdade de opinião e autonomia, criando coesão de grupo.

Percebemos que pouco a pouco vamos alcançando gradativamente um melhor nível de desempenho e contribuindo com toda força para uma mudança no cenário educacional deste país.